terça-feira, 11 de junho de 2013

Morte súbita

Que súbita vontade foi esta de
dar-te
de repente
sonetos em sussurro

em dístico descente
embrulhados

em papel feito gentilmente
emprestado

de uma lágrima
que sorria                  
               do teu rosto
                                 de seda

Uma prosódia pra você

Neste diálogo
meu e teu
tu aprendes
               tu
eu apreendo
             -te

De quantos tu precisarei eu
para que enfim entenda(s)
o turvo tu mistério
ouve-se porque se quer

tu, tu, tu...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

7 de setembro: passou cometa no sertão


Hoje passou cometa no Sertão
alumiô rosto e sorriso
dos Fabiano Severino

Só Baleia ficou
escura e do meu lado

Estica a língua
o mais esticadinha
                          [possível
tenta a relação
                         [íntima
com a gota d’
                     á
                     g
                     u

                     a

que escapa
relutante
da minha cuia.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

metade-metade: Cine Vida


Créditos

  as vezes acho que a vida é filme
 película querida em Red Scale 
esquecida na gaveta

Personagens Mil
Fazem Cena Por Aqui
Entram Saem Sobem Caem

Escalados Mandados Marcados
Da Cegueira Limpa
Do Diretor
Esperto

  tão pobres! esquecem...
  a luz que cria é a mesma que queima
  a lente que tanto diz
  a mesma que fecha

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

metade-metade: geleia


No pote de geleia

Hoje fiquei pegajosa de mim
queria lavar-me muito e
sair pra passear no Cais.

Queria segurar na mão da criança
que agora passa por aqui
e dizer-lhe que Corra!
Corra! que a vida vem aí

Corra! que não foi por brincadeira
te tirar o laço azul
Corra! que daqui a pouco
não está mais aqui quem falou.

metade-metade: o paradoxo

Paradoxo da Criação


Vou inventar um novo jeito
um desenho sujo
um cheiro de vinda

Vou inventar uma porta semi-aberta
cadeado pra entrada
sem way pra saída

Vou inventar
um passatempo
sem tempo
um livro
sem estória
um Pessoa sem Caeiro

Hoje eu quero
um arcadismo sem culpa
um dia sem nuvem
uma chuva

Hoje eu quero
um “porquê” sem acento
objeto sem sujeito
um romance imperfeito

(pra esgotar inquietude
 só sendo inquieto
 e o maior antídoto pra dor
 por si só, não é remédio.)


uh uh lá lá lá: http://www.youtube.com/watch?v=S91u5vYP3ps&feature=plcp

sábado, 11 de agosto de 2012

metade-metade: Ninho


Ninho

Sofia queria saber por que amava
as pessoas
as coisas
queria saber por que amava
o amor

achava que amar só por amar
era como se alguém te desse o céu
e te pedisse pra pegar só um pedacinho dele.

dedicou toda a vida para descobrir uma razão.
eninhou-se em suas pesquisas
prendeu o pé na vírgula perdida

não percebeu que amava cada vez
menos
e menos
e menos.

Até que um dia,
quase sem nenhum amor
já muito doente,
finalmente descobriu.

Sofia amava para viver.