quarta-feira, 8 de agosto de 2012

metade-metade: Lóri


Lóri

Chegou e viu o prato.
Era só prato, mais nada.
Redondo, preto.

Chegou e viu o prato.
Antes flor e prato,
agora
prato

pra tirar o prato praticamente praticou dor
dor avante ainda amava Lóri

Lóri era flor, agora sem prato,
despedaçada no chão.
a
      três
               andares
e debaixo de um céu preto preto (feito o prato)
ela era o que se via com dificuldade

É que
Lóri era flor, agora sem prato,
despedaçada no chão.

A terra pesada não a salvou
de tal trágico destino de morrer como gente
(Havia morrido Lóri?)

Quando vento ventou
terra disse: fica!
Prato disse: vai!

Mas Lóri se apaixonou pelo vento
Abriu sua flor antes fechada
Esticou seu caule antes morto
Fez-se em mil pedaços cor-de-própria-pele

e deu-se ao  v e n t o
disse que a levasse

"Não meu bem, morrerás em menos de quatro"
"Morreria até em três por ti"

Mais vale três contigo a me transpassar
num misto de suave e dolor
do que por mil anos me guardar
em todos os botões de flor

Lóri rimava pobre
porque isso é o que se faz quando apaixonado:
rima-se pobre.

Desde aquele dia não mais quis saber de lugar certo
o vento, pra não matar
porque descobriu que matar amando
é mais que viver a vida inteira
Mas morrer de amor era melhor ainda.

Lóri era flor, agora sem prato
despedaçada no chão.

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